segunda-feira, 8 de outubro de 2012



Marcelo Ariel


A fotomontagem que fiz acima pode até parecer piada, mas é séria, o centro e o vetor das campanhas eleitorais do segundo ano da primeira década do século 21 foi uma calculada confusão entre os esquematismos da linguagem publicitária, utilizados para vender a 'persona' dos políticos e uma espécie patológica de nostalgia do personalismo e  todas as suas facetas .

O passado reconfigurado, não como farsa, mas como valor de conteúdo, foi invocado por praticamente todos os candidatos. Existe ainda um ridículo 'messianismo' que ainda é a matéria prima de uma emotividade típica dos comerciais de TV dos anos 70 contaminando o modo como os candidatos apresentaram suas "propostas". Nenhum dos candidatos discutiu a fundo o 'mito da governabilidade', modos de neutralizar o tráfico de influência e o clientelismo, de superar a 'política de eventos' e o pior, cada um dos candidatos se apresentou como  um evento em si mesmo. O inevitável choque de realidade costuma reduzir grandes propostas de ruptura a fatídicos processos de continuidade. Desejo mais do que sorte aos eleitos, desejo que eles façam algo maior do que um show. Temos os necrosados partidos políticos que até hoje não conseguiram realizar um diálogo proveitoso com o cada vez mais mercantilista  meio acadêmico, que não cumpre seu papel social, que é o de apresentar propostas viáveis capazes de melhorar a vida das cidades onde as tais universidades estão instaladas, cabe a eles e aos eleitos tentar extrair destes organismos viciados o que eles tem de melhor ou o que eles nos devem, um pensamento sobre como melhorar a vida. A burocracia, esta verdadeira metástase da vida política das comunidades, continuará sendo a partitura de uma música ruim tocada por 'excelentes' instrumentistas? Enfim, não pretendo ir muito longe com este pequeno artigo, proponho apenas uma reflexão sobre  a distância enorme entre o dito e o feito, o proposto e o realizado, reflexão a ser feita pelos leitores deste artigo nas próximas eleições,saibam que não apoiei nenhum candidato, não sou filiado a nenhum partido e que considero a análise crítica dos movimentos e fenômenos sociais, o principal papel de um intelectual. No meu caso, sou apenas um filósofo-amador e por isso, posso pensar livremente, é exatamente isto o que desejo aos candidatos eleitos em Santos e região,  que suas ações sejam o resultado de um pensamento livre e sem vínculos com a mentira publicitária, com os vícios impostos pelo mito da  governabilidade e que tomem muito cuidado com a  vaidade, este motor da sociedade do espetáculo cercada de miséria por todos os lados.



1 comentários:

  1. Marcelo Ariel. Fugir de uma perseguição daqueles que acham que o poeta deva falar, apenas, de estrelas... uma transgressão dessa, ao falar também de "patitos", culminou com destruição de residência de um prêmio Nobel em literatura; isto é factível de entrar em contato ali, em Santiago, naquele prédio que virou museu, e ao ler sua autobiografia - "Confieso que he vivido" - Pablo Neruda, que fugiu à pé pra Argentina, por isso, mesmo sendo do corpo diplomático do Chile! O poeta tem compromisso com a construção de sua pátria, que no Brasil está por nascer e ser construída. Abraços também aos contrários a Neruda. Ricardo.

    ResponderExcluir

Os comentários ao blog serão publicados desde que sejam assinados e não tenham conteúdo ofensivo.