sexta-feira, 2 de novembro de 2012



Por Marcelo Ariel

Reproduzo abaixo e comento logo a seguir o texto de Tatiana Justel sobre recentes episódios que comprovam o retorno da Idade Média para nossa região:

" É o peixe , de novo?

Quando li a reportagem no jornal A Tribuna, dando destaque à esse tema da pichação ao muro do Centro de Treinamento do Santos Futebo

l Clube, que está ligada ao artista Paulo Consentino não me causou nenhum espanto, somente pensei :
”...Isso é briga de PEIXE Grande, e que PEIXE!!!! No sentido mais literal e preciso da palavra, lembrei de uma frase de um pequeno opúsculo que li:
“... É um peixe que desliza como enguia quando entra em água fria...”.
Acredito sim que a vida cultural em Santos é muito intensa e rica temos grandes artistas em vários seguimentos, mas será que a nossa arte só será identificada quando for vinculada há eventos megalomaníacos? Quando iremos caminhar independentes? Eu vejo Santos Futebol Clube em toda parte , em um mês vi o santos Futebol Clube em dois grandes eventos: Art decor e Curta Santos, na minha humilde opinião, acho a coisa mais bairrista e provinciana.
A Arte do Paulo Consentino atravessa os muros do Centro de Treinamento do Santos, seu trabalho faz parte de um movimento cultural que está renovando a arte, a Street Art, o Grafite, são parte do movimento mais interessante que acontece no mundo da pintura contemporânea. É um paradoxo artístico o ocorrido , a arte do Paulo Consentino foi marginalizada por uma expressão artística também ,só que trata-se de uma pichação, de muito mau gosto. Opa, tudo começou com as pichações, e foi evoluindo.... só me resta pensar que estamos caminhando pra trás, foi o tempo que passeávamos por uma cidade pichada, o agressor tem que ser tratado e julgado como marginal sim, bandido, por violar um patrimônio cultural. Não dá para esperar pelas autoridades uma punição justa, a conscientização é responsabilidade do estado?
Todas essas mazelas sociais e culturais só nos resta mesmo fazermos uma mea culpa, difícil sonhar com uma sociedade civilizada,,mas não impossível, acredito que chegará um dia que esse tipo de comportamento partindo da massa burguesa seja uma exceção e não uma regra.
Acabar de vez com essa politica do - “Você sabe com quem está falando”.
Há duas semanas o mesmo Jornal, delatou um problema parecido .Embargaram um projeto cultural no Parque Roberto Santini, no Emissário Submarino , em Santos. Desrespeito total, outro choque cultural, A Street Art pintada na torre do surf no Pier do José Menino, tem que ter temas marinhos???????Quanto peixe...
Os jovens artistas do Grafite em acordo com a Secretaria de Cultura pintaram uma CORUJA, tudo devidamente planejado,. Pobre coruja, foi julgada, condenada e sacramentada por um pastor de uma igreja em Santos, que alega com plenos poderes digno dos tempos da Idade Média , que a CORUJA é símbolo de uma seita satânica!!!!! O que é isso, agora voltamos a ao tempo que a igreja exercia poderes sobre as leis , os projetos culturais, sociais e políticos ? A obra foi embargada, violência, agressão à arte, que é a expressão mais nobre de um ser humano, que nos faz sair e esquecer da mediocridade desse mundo globalizado, capitalista e selvagem.
Oras, toda arte necessita de uma estrutura básica para evoluir, e o grafite evoluiu, é pai das pichações.
Já que hoje todas as formas de protesto parte de redes sociais, Allez!!!!! Vamos protestar, ou ficaremos presos à tendências e tradições de gerações passadas, nessa cidade provinciana ,feudal e caótica , que só cresce no sentido vertical, sou contra a burguesia, a impunidade , e contra o monopólio das grandes empresas que usam a arte como pano de fundo.

A democracia é um erro estatístico, porque na democracia decide a maioria e a maioria é formada de imbecis. (Jorge Luis Borges) "

 
 Tatiana Justel 


Comentário: Como digo acima estes recentes fatos, provam que o retorno da Idade Média Cultural em Santos e região é praticamente irrevogável, seitas evangélicas, gritadores do funk e traficantes são o centro da vida cultural de 90% da população, os outros 10% vivem em uma  espécie de transe Vila Madalena costurado pelos aparelhos culturais e botecos de luxo do Gonzaga. Não irei discutir aqui a  importância da Street Art para a arte contemporânea, ela representa a únicavia de democratização da arte e é em tese o sinal de uma nova revolução para a cultura, que só em lugares atrasados como Santos e seus quintais turísticos, é colocada em xeque pela 'parvoice' de setores daobscuridade social, leia-se seitas evangélicas puritanas do século 12 transplantadas para o século 21 pelo abismo cultural-educacional. O episódio envolvendo a vandalização do retrato pintado por Paulo Consentino do grande Paulo Henrique Ganso, apenas comprova que os torcedores vivem na mesmíssima indigência cutural. A idade média chegou! Aquele painel que conta a história dos cem anos do Santos FC deveria ser tombado pelo Patrimônio Histórico junto com a Coruja pintada pelos jovens artistas no Emissário! Uma cidade que mal possui uma biblioteca pública decente, em que os teatros públicos apenas reproduzem o pior da arte televisiva pseudo-dramática e etç...Deveria como antídoto para isso ser totalmente ' redesenhada' pela Street Art, minha sugestão para os artistas grafiteiros: desenhem um Cristo fumando crack , soterrado por dinheiro  crucificado em duas pranchas de surf em algum lugar próximo da tal seita.

Marcelo Ariel 

1 comentários:

  1. Julgar os gritadores do funk (o jornalismo da periferia) e os botecos do Gonzaga não é a mesma coisa que julgar a coruja?
    Por outro lado, esse negócio de ficar falando cifrado tá por fora. Fala o nome do pastor e o nome da igreja evangélica e vamos ao embate aberto contra esses caras.

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