segunda-feira, 10 de novembro de 2014


[as imagens nesta postagem são de obras de Damien Hirst]


Por Ademir Demarchi


Este Planeta é mesmo muito engraçado. Depois de décadas, no século passado, assistindo as mirabolantes ações de ataques de grupos organizados que se autobatizavam Frente de Libertação, como foi a de Moçambique, a da Palestina, a da Argélia e tantas outras criadas com a cara de fome da seriedade para combater governos ditatoriais, a evolução da espécie levou à criação, ainda na década de 1970, na Inglaterra, da Frente de Libertação Animal, no que pareceu ser uma lufada fofa de renovação da militância anarquista que chegou até este novo milênio. 




Em vez de libertarem presos políticos ou populações oprimidas, esses ativistas preferiram os bichos. Logo colaram neles a pecha de “grupos ecoterroristas”, dadas suas táticas de invasão de laboratórios, circos, zoológicos ou festas que envolvam animais. No Brasil já fecharam o Laboratório Royal que, segundo essa ótica militante, “torturava beagles”. Quem já olhou nos olhos de um beagle deve bem imaginar que não há NENHUM argumento capaz de defender o laboratório que, por isso, faliu. A discussão se dá entre o racionalismo e o irracionalismo, ainda que ambas se mesclem e o fim é sempre decidido pelas massas que julgam com os sentimentos. Parece eleição. 



A questão é espinhosa, afinal a humanidade avançou muito na área da saúde justamente usando animais como cobaias. Porém isso está acabando, com a crescente proibição de uso de animais para qualquer coisa que não seja para ser um pet fofinho escravizado e preso na fantasia do conforto dentro de um apartamento, que é o modelo predominante de incorporação dos bichos à sociedade humana. Os animais passaram a ser considerados membros da família, têm supermercados próprios, cabeleireiros e médicos exclusivos e há uma leva crescente em todo o país de proibições de uso de animais em circos, zoológicos, festas. A farra do boi em Santa Catarina já era, no Nordeste a coisa anda a caminho de sumir e em breve até Barretos pode ter que parar com aquela lambança de rodeios, cujo fim fatalmente também chegará às Expoingás, as festas de exposições agropecuárias que vicejam pelo interior agro rural do país – fora de Barretos, as cidades do Estado de São Paulo já vêm providenciando leis nesse sentido. 




Basta constatar a vitória peluda desse movimento nesta semana: Alckmin, o fofo da falta dágua, sancionou uma lei que proíbe a criação e abate ATÉ de coelhos no Estado. Depois de décadas de dominação sangrenta do sindicalismo do ABC, tudo indica que o Estado se tornará vegetariano. Restaurantes franceses que servem acepipes de coelho devem mudar os cardápios facilmente. O mesmo não se pode dizer dos restaurantes coreanos e chineses que anos atrás substituíram no cardápio pratos com cães, por roedores e agora sofrerão desabastecimento. A lei do governador da seca trata das chinchilas, criadas para o mercado de peles, mas lá no meio dela estão também vários bichos, entre os quais os coelhinhos fofinhos. A saída, para o criador de chinchilas, foi mudar-se para o Mato Grosso, terra do agronegócio. 



Mas o charme dos ecoterroristas é crescente e tem atraído desde loiras que acreditam que têm almas gêmeas com poodles até jovens radicais autodenominados vegans que não comem nada que respire. Associados com vereadores calvos, que são uma espécie que não corre perigo de extinção, eles vão aos poucos ampliando suas garras peludas, de modo que o mundo do travestimento,em vez de pele de chinchila, terá que ir de plástico da China. Por isso já se sente um nervosismo no interior texano paulista, onde já há muitos registros de gente reclamando: "estou na maior seca". Quando faltar carne pro churrasco então...




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