quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016






Por Manoel Herzog




Acordei madrugada, um puta frio
Rumei pro meu banhinho matinal
E o que presenciei me deixou mal:
Chuveiro queimou, puta que pariu.

Ontem não tomei banho, saibo a sal
Se a porra da resistência explodiu
É a água fria deste imundo rio
Tietê com que vou me espargir. Do pau

Tirei timidamente o sebo, e a cuca
Molhei de meia-boca, só as ramela,
A graxa do nariz e umas pituca.

Vesti a mesma cueca, já amarela,
Verão sem água e hoje inverno sem luz.
Paulistas, como ireis lavar os cus?



II


São Paulo insiste na leda
Enganação que é o Chuchu
Chicote no dorso nu
Pocalipes, labareda

Sem água, seca, urubu,
Deserto. Se apertar, peida:
Cecilio do Rego Almeida 
Mais Covas, no nosso cu

Ponharo, e negociada
Com truta, propina e ágio
Foi a venda das estrada:

A cada passo um pedágio,
Fora o escando do metrô.
Meu, sistucano é um cocô.



III


Vós sois a luz, vós sois o sal da terra 
Vós, promotor: puni quem não se emenda
E não meçais castigo pra quem erra -
Pois nada vale um homem que se venda.
Não economizeis na reprimenda
Se ativista gritar também se encerra
Onde é que já se viu? Roubar merenda!
Supliciai. Cabrito bom não berra.
E se a Constituição, o grande estorvo,
Tolhe apliqueis a pena capital
Não titubeeis: amputai um ovo
Ou dois, conforme for extenso o mal -
Pudésseis arrancáveis era três.
Se alguém roubar merenda, que o capeis!



IV


Capaz que vós capeis a corja toda,
Meu promotor. De longe a gente manja
Cilada, e antes que o escândalo exploda
Vós estareis blindado, a gente arranja

Um jeito de burlar, ardil, engodo a
Porra que precisar, a gente esbanja,
Depois se recupera, que se foda,
Com a comissão do suco de laranja.

Jamais vos preocupeis, vós sois do esquema
Não temais os ptelhos, pelos púbicos
Que enchem o saco, mas cujo problema

Nos é comum. O Ministério Público
Tá em nossas mão, os juiz e a OAB
Num vai pegar nadica, tu vai vê.



V


A polícia capricha no sarrafo
Judiciário, esse só capitula -
A plebe de São Paulo fica fula,
Mas sempre reelege o bando de safos.

Posa de santo católico, o mula
Mas se abre a boca é de enxofre o seu bafo:
Chuchu, voraz, empunha faca e garfo,
Se tem pecado que pratique, é a Gula

Come a comida dele e a das crianças
Banquete sórdido é o destes tucanos
Seus deputados fazem pajelança

Com a proteína que os de verdes anos
Necessitavam pra desenvolver.
Crescidos, votam PSDB.



VI


Investigar, senão a coisa esfria
É necessário, ao menos uma vez
Já pega mal tanta desfaçatez
Há que mostrar-se alguma autonomia.

Pra moralizar foi que o Estado fez,
Cortou na carne, vera autopsia.
Ninguém contava é que a dona maria
Do investigado, o promotor Capez

É funcionária do procurador
Que cuida deste caso e, assim, a coisa
Do jeito que está só vai prosseguir.

Também é certo que o governador
Do bom procurador emprega a esposa.
"Merenda eu compro, dá-me o faz-me rir."



VII


Agora sim, o Ministério Público
Instituição isenta e confiável
Vai por um fim a mutretas, conchavos,
Corrupção e o mais que entube o cu

Do pobre povo de Sumpalo. Afável
Ninguém será! Os promotores lúbricos
Encarcerarão qualquer impudico,
Nem que seja da casa. Maleável

Ninguém será, nem se algum envolvido
Que esteja na lama, sujo, encardido
Tenha um dia servido o Ministério.

Mas, o que dizem? A bola da vez
É o deputado-promotor Capez?
Melhor deixar pra lá, então... Mistério.


VIII

(o apocalipse)


Se é mesmo assim, se a maison est tombée
Quem quiser ficar no barco, que fique
Pouco adianta querer ter chilique,
Bater panela (mas das Le Creuset)

Rogar praga achando que o pobre enrique
E a classe média empobreça. O PT
Por mais que apanhe só faz é crescer.
Cunhada e amante de Fernando Henrique

Mamando em tetas leitosas do erário.
Chegada é a hora, bom que se arrependa
Quem é do bando desses salafrários

Que vende o país e rouba merenda.
Virão messias, Hugos, Lulas, Evos,
É tempo, tucanos, arrependei-vos!


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AOS PAULISTANOS PANELEIROS QUE ELEGERAM O SENADOR JOSÉ SERRA


Enquanto os imbecis batem panela
Sequer suspeitam que ao Senado é onde
Se arquiteta a maior das esparrelas
Fazendo com que o Brasil perca o bonde
Da História. De camisas amarelas
Feito o Sítio do Pica-Pau se esconde
Das vistas cegas uma trama: Ela,
A Petrobrás, dos olhos do Visconde
De Sabugosa a pupila. Tucano 
Zé Serra traiu Monteiro Lobato,
Vendeu nosso ouro pros americanos,
Segundo a Dona Benta, bem barato.
Emília disse: "Mas são uns verdugos,
Pedrinho, no cu deles um sabugo!"

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